Os indivíduos negros desde seu nascimento na sociedade, em especial a brasileira, já sentem na pele o racismo estrutural e recreativo. Desde o racismo pela cor da pele, a textura do cabelo, desde os espaços que vive, as violências policiais, que geram o genocídio da juventude negra, e a negligência de assistencialismo básico para que esses corpos possam ser amparados. Então, desde muito pequeno, já se sente na carne a consciência do que se vai ter pela frente enquanto se entender como um indivíduo negro.
Ser um indivíduo negro é muito caro, pelo fato de a cada 23 min um jovem negro ser morto; que a cada 2 horas uma mulher negra é morta pela violência doméstica e dentre outros fatores que corroboram para esses fatores ceifaram vidas negras.
Abdias Nascimento, uma das maiores referências negras da política brasileira, da construção das causas raciais e de denúncias que acabam com vidas negras, faz uma breve reflexão no seu livro O Quilombismo: “A branquitude que opera a sociedade brasileira, não faz somente para o extermínio a população negra, mas também para um projeto de não reconhecimento dos seus privilégios…”; e isso reflete a falta dessa sociedade atual da consciência pelas pautas raciais, um exemplo claro que se faz 20 anos da não Implementação da Lei da Obrigatoriedade do Ensino Afro-brasileiro e Indígena nas Escolas.
Imagine numa sociedade onde a negritude pode conhecer, estudar e vivenciar a sua ancestralidade, mesmo que muito singular, mas que geraria impactos importantes no crescimento dos adolescentes e jovens, mas se sabe que existe um contexto para que esses processo não seja implementados, imagina um jovem negro, periférico de Fortaleza, imaginar que antes dele, existiram reis e rainhas da mesma cor de pele dele, que ele não é fruto de uma força bruta, sem consciência e sem um lugar de origem, que a origem dele não vem da escravidão, que antes dos nossos serem trazidos acorrentados, trancafiados se existiu uma comunidade forte, pulsante, que teve os primeiros passos da medicina, que governaram reinos, construíram as primeiras ferramentas de obras e dentre outros avanços que vem do Continente Africano.
Foi se falado de muitas coisas, mas a resposta para a pergunta é: EXISTE REALMENTE UMA CONSCIÊNCIA NEGRA. Entretanto, uma consciência negra vindo de corpos negros, que todos os dias se mata de trabalhar por um salário mínimo que não garante o básico dentro de casa; existe uma consciência negra de que todo os dias ao sair de casa, é saber que você pode ser vítima da violência polícia; que existe uma consciência negra que sempre somos marginalizados, subalternizados e que sempre enaltece que nossos corpos não são dignos de ocuparem espaços de privilégios, mesmo que sejamos negro no topo, como se fala na gíria da juventude, na sociedade racista que temos, ainda assim não reconheceram os nossos corpos naquele espaços, que mesmo que ocupemos partidos políticos de esquerdas, estão fadados a reproduzir um racismo, pois ele é estrutural, ele que formou essa sociedade brasileira, com muito suor e sangue negro, mas vale encerrar esse texto com uma singela pergunta:
Seu privilégio branco, tem consciência para proteger, amparar e ser refúgio a corpos negros?
*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião da JSB.