Segundo Maria Sylvia de Oliveira, coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade de Gênero e Raça: “Enquanto as mulheres brancas saíam para reivindicar direito ao trabalho e estudo, as negras estavam construindo a nação brasileira, sequestradas da África, e que cuidavam da casa e dos filhos dessas mesmas mulheres brancas.”.
Quando se discute a respeito da luta da mulher preta no Brasil em reivindicar seus direitos, não podemos de nenhuma forma deslegitimar o que foi conquistado até o momento pelas mulheres brancas, o que de certa maneira, auxiliou na nossa resistência como mulheres pretas.
Ocorre que, bem como foi expressado por Maria Sylvia, enquanto os direitos das mulheres eram adquiridos, nossas antecessoras, mulheres pretas, ainda eram obrigadas a viver como escravas, não sendo cabível a nós, o direito de trabalho tampouco o de estudo.
Ainda nos dias atuais, somos inferiores quando falamos de representação de gênero comparado aos homens, e raça, comparado a mulheres brancas.
Para ratificar tal afirmação, tem-se a pesquisa publicada pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mulheres negras estão 50% mais suscetíveis ao desemprego do que outros grupos.
Além disso, com base nos índices do ano de 2019 publicados pelo IBGE (Índice Brasileiro de Geografia Estatística), 32% das mulheres pretas ou pardas entre 15 a 29 anos não estudavam e nem estavam inseridas no mercado de trabalho.
Tais índices vêm em conjunto com o fato de que as mulheres negras formam o maior grupo da população. Representam 28% dos brasileiros, segundo o IBGE.
Quando diante desses dados paramos para refletir acerca de onde estamos, é explícito que os nossos desafios são muito maiores do que nossas conquistas como mulheres e pretas.
Diante do exposto, vindo de um cenário de extrema opressão, desvalorização etc, é totalmente reconhecível, que nossos sonhos em ocupar espaços de representatividade foram realizados nos mais diversos locais, sendo eles o midiático, o político, o econômico, dentre outros, porém, a nossa luta é um pouco maior, precisamos nos certificar que esses locais estejam de fato, nos representando não apenas como gênero, mas também como raça.
Se somos maioria em nossa população, lutaremos por maioria em local de representatividade, e isso não é apenas por ser mulher, é por ser PRETA.
Avellyna Moraes, brasileira, 20 anos, acadêmica em Direito e estudante de Tecnologia em Gestão Pública.
*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião da JSB.