Como se sabe, no dia 11 de agosto é celebrado o Dia do Estudante em virtude da fundação dos primeiros cursos de ensino jurídico do país. Em Pernambuco, com a Faculdade de Direito de Olinda (UFPE) e São Paulo, com a Faculdade de Direito do Largo São Francisco (USP), iniciou-se, ainda que de maneira elitizada, a consolidação do ensino superior no país. “Pontapé inicial” dado no décimo primeiro dia de agosto de 1827.
A partir dessa data, passados 195 anos, observa-se que estudantes utilizaram (e utilizam) a rebeldia para pautar a luta pelo Brasil. Rebeldia como a de Luís Gama, homem negro, escravizado em parte da infância, que mesmo rejeitado pela burguesia escravista na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, se tornou um intelectual e profissional do Direito, que lutou durante toda a vida pelo fim escravidão.
Virando o século, as mobilizações estudantis se intensificaram, principalmente após a Revolução de 30, que resultou em maior popularização do processo político e na expansão do ensino superior no país. Mesmo assim, o movimento estudantil ainda se restringira basicamente aos homens, brancos, da elite ou de origem pequeno burguesa. Todavia, em 1937 é fundada a União Nacional dos Estudantes, a primeira entidade estudantil consolidada e de caráter nacional, que desde o início se engajou nas lutas populares.
A partir disso, constitui-se uma organização dos estudantes, fazendo com que os próprios se mobilizassem em todos os momentos que os interesses do povo brasileiro estivessem sobre risco. Poderiam ser citados centenas de exemplos. A partir disso, em um governo de caráter antidemocrático, antinacional e que vai na contramão dos interesses do povo brasileiro, a mobilização se faz extremamente necessária. Afinal, Jair Bolsonaro (PL), com sua agenda ultraliberal, sucateia a educação brasileira e executa sucessivos cortes no orçamento das universidades e institutos federais, promovendo uma guerra declarada contra os estudantes. Além disso, enquanto poderia (e deveria) se discutir a possibilidade do fim do vestibular, como ocorre na Argentina e em Cuba, ainda temos que dialogar sobre a manutenção das cotas, tão ameaçadas pelo ocupante da Presidência da República.
Ainda demonstrando o retrocesso representado pela atual gestão do país, além do sufocamento financeiro, Jair Bolsonaro e seus Ministros da Educação, realizam intervenções a partir da nomeação de reitores e promovem uma guerra de narrativas fantasiosas e ideológicas contra as universidades.
Portanto, mais do que nunca, os estudantes devem estar unidos por uma única causa, derrotar Jair Bolsonaro e seu projeto de destruição da educação brasileira, que mesmo com sua derrota eleitoral, seguirá extremamente presente. Para que possam derrotar esse projeto, os estudantes precisam ampliar o debate, promover uma organização estudantil nunca vista antes nas universidades e defender o ensino público, gratuito, de qualidade e permanente. Por isso, nesse 11 de agosto, estarão nas ruas lutando contra o pior governo da história do Brasil e pela construção de uma unidade política que faça os jovens sonharem, em futuro próximo, com a “Universidade necessária”, descrita por Darcy Ribeiro.
Autor: Lucas D’Angelo Pasqualini
Estudou Economia na UFPR e atualmente estuda Direito na FMU, é militante da JSB-SP e Diretor de Direitos Humanos da União Nacional dos Estudantes (UNE).
*As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião da JSB.