O silêncio é alimentado pelo tempo, tem sede da própria velhice. Quanto mais demora, mais forte e poderoso se torna. A UNE e os estudantes brasileiros juntam forças para, a partir da próxima sexta (18), matar o silêncio de quase cinco décadas nubladas que paira sobre os jovens perseguidos, torturados e mortos pela ditadura civil-militar no país.
Abrindo o seu Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb), a UNE lança, a partir das 18h na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a sua própria Comissão da Verdade, com o objetivo de investigar, apurar e esclarecer tais casos, entre eles os de pelo menos 46 dirigentes da entidade, como o seu ex-presidente Honestino Guimarães.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade Cláudio Fonteles, o ex-ministro dos Direitos Humanos Paulo Vanucchi e o presidente da Comissão de Anistia Paulo Abrão estão entre os convidados da abertura.
A Comissão da Verdade Estudantil
A UNE foi decisiva na luta contra a ditadura militar brasileira e reconquista da democracia. Porém, durante esse período, centenas de estudantes foram vítimas de tortura, prisões e assassinatos, sendo muitos casos ainda não estão esclarecidos. Pelo menos 46 ex-diretores da UNE estão listados como mortos pelo regime ou desaparecidos.
Com a criação da Comissão da Verdade estudantil, a entidade pretende levantar informações sobre esses episódios, apurar detalhes junto a famílias, universidades e a partir do acesso a documentos oficiais e dos resultados da investigação da Comissão Nacional da Verdade, criada em maio de 2012 pelo governo federal.
Sobre o Coneb
O Conselho Nacional de Entidades de Base da UNE é um dos principais encontros do movimento estudantil brasileiro e reúne os Diretórios Acadêmicos (DAs) e Centros Acadêmicos (CAs) das universidades brasileiras. Neste ano, a UNE teve a inscrição recorde de mais de 3.500 entidades de todas as regiões do país. Foram realizadas etapas preparatórias e eleitos delegados em todos os estados. O Coneb inclui debates, grupos de discussão sobre temas ligados à universidade e ao Brasil, além de decidir os rumos e posicionamentos da UNE para o próximo período.