Os países que não se identificam com os processos progressistas experimentados pela América Latina nos últimos anos conformaram, em 2011, uma agrupação que reúne Peru, Chile, México e Colômbia. A Aliança do Pacífico tem como base os tratados de livre comércio (TLCs) bilaterais existentes entre os seus membros e estes possuem em comum o fato de haverem optado pela associação econômica com os Estados Unidos (todos firmaram TLCs com a potência global).
Desde a sua criação, a Aliança do Pacífico tem sido apresentada pelos meios de comunicação hegemônicos de toda a América como uma associação mais dinâmica, que promove uma integração “possível” – a de mercados, obviamente – e que tem se mostrado tão atrativa ao ponto de que a Costa Rica já iniciou os trâmites para associar-se, o que também poderia interessar ao Paraguai e Uruguai.
A próxima cúpula da Aliança do Pacífico ocorrerá em 10 de dezembro, em Cartagena, Colômbia. Na ocasião, se discutirá a criação de um fundo de cooperação que iniciará suas atividades com um milhão de dólares em seus caixas e deve ser aprovado um protocolo adicional que estabelece a dedução fiscal de 100% dos produtos que compõem o comércio intrabloco.
Antes disso, no entanto, os mandatários de Chile, Colômbia, México e Peru estarão presentes em Havana, Cuba, de 28 a 29 de janeiro, a Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Neste encontro, 33 líderes dos países que compõem a América Latina e o Caribe irão discutir temas de grande importância, como o fim do bloqueio econômico que os Estados Unidos mantem contra Cuba, a reivindicação argentina quanto à soberania sobre as Ilhas Malvinas e a admissão de Porto Rico – que possui status jurídico de Estado livre associado aos Estados Unidos, o que, na prática, a torna um protetorado estadunidense. Discutirão, também, a consolidação da América Latina como zona de paz e a conformação de uma nova arquitetura financeira regional que seja, no máximo possível, independente desta que se esfrangalha desde 2008.
Desde uma perspectiva mais ampla, é impossível não perceber a intencionalidade que existe por detrás da Aliança do Pacífico. Trata-se, na prática, de um projeto que evidencia a divisão político/ ideológica que hoje existe na América Latina e que é incapaz de prever uma integração que vá mais além daquela permitida pelo dinheiro. Em decorrência disso, constantemente atuam de maneira a ofuscar as iniciativas e os esforços de propostas como a CELAC, a UNASUL ou o Mercosul.
Seria, então, a Aliança do Pacífico um “cavalo de Tróia” dentro da CELAC?
*Fabiana Oliveira é bacharel em Relações Internacionais, mestranda no programa de Integração da América Latina e integrante do Núcleo de Base Internacionalista do PSB/SP
Autor: Fabiana Oliveira