A sociedade brasileira passa por intensas transformações -principalmente as da ordem social- todavia, a intolerância nos ronda. Ocupar às ruas em defesa da descriminalização da maconha é pedir ao Estado que crie mecanismo para controle e produção, e isso não é apologia. É tratar a questão de frente.
Qualquer droga, seja ela qual for (álcool, medicamentos, chás, maconha, etc) tem seus efeitos colaterais. E talvez nenhum seja tão devastador quando a marginalização dos usuários, produzida pela sociedade. O modelo da guerra às drogas, da política proibicionista trata com polícia uma questão de saúde pública, gerando violência, com jovens matando e morrendo. Logo,essa lógica continuará acontecendo enquanto se faz vista grossa ao debate.
Aí perguntamos: a quem serve essa guerra? Eu digo que serve a quem explora a justificativa de que a criminalização dará conta de acabar com o consumo, e não vai. É preciso que haja a regulamentação da cadeia produtiva, com a arrecadação de impostos e estabelecimento de regras e limitações para a venda e o consumo; mas, acima de tudo, é preciso que cada um de nós percebamos que temos sim muito haver com processo histórico e social da Marcha da Maconha, e isso se dará a partir do momento que a sociedade passe a refletir sobre o tema, com responsabilidade e a coragem necessários para transpor as barreiras da intolerância.
*Márcia Rebeca é Professora de Química, acadêmica de Ciências Sociais e militante do Partido Socialista Brasileiro
Autor: Márcia Rebeca