Em 22 de outubro de 1962, o então presidente estadunidense, John Kennedy, anunciava em discurso na TV o estabelecimento de um “cerco naval em torno de Cuba”, que evoluiu para o atual bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto pelo país contra a ilha. A medida foi adotada como retaliação ao governo revolucionário cubano e tinha como objetivo enfraquecer e derrubar o governo revolucionário.
O bloqueio foi decretado em meio à crise dos mísseis durante a Guerra Fria travada entre as potências da época: Estados Unidos e União Soviética. A ilha esteve à beira da desintegração nuclear no período. Ao descobrir que a URSS enviara mísseis para Cuba, a tensão entre as potências recrudesceu, resultando no embargo à ilha e posteriormente, na retirada dos mísseis soviéticos do país latino. O fim da crise, no entanto, não resultou no fim do bloqueio.
Para os Estados Unidos, Cuba deveria servir como um exemplo a não ser seguido pelos demais países latino-americanos que à época passavam por crises políticas, econômicas e convulsões sociais, daí a dura resposta dada à revolução do país. Tal pretensão, inclusive, legitimou intervenções feitas na América Central e Caribe, inclusive sem o aval da OEA (Organização dos Estados Americanos) e autorizou golpes de Estados na América do Sul para a derrubada de governos nacionalistas e mesmo do socialista de Salvador Allende, no Chile.
O bloqueio, decretado em contrariedade ao direito internacional, foi 21 vezes rechaçado na Assembleia Geral da ONU. A última vez foi em 2012, quando a condenação obteve 188 votos a favor, três contra (EUA, Israel e Palau), e as abstenções de Micronésia e Ilhas Marshall.
De acordo com um documento secreto desclassificado em 1961, o plano do governo estadunidense, conforme o então subsecretário de Estado para Assuntos Ibero Americanos, Lester D. Mallory, era diminuir os salários reais e monetários com o objetivo de provocar fome, desespero e a derrubada do governo.
Prejuízos econômicos
Há 51 anos, a defesa da revolução se converteu em uma questão vital para a ilha que, apesar das dificuldades econômicas não capitulou diante do imperialismo estadunidense.
De acordo com estimativas publicadas pelo governo cubano no início do mês, desde que foi iniciado até hoje, a medida teve um impacto e mais de US$1,1 trilhão na pequena economia do país.
Somente entre maio de 2012 e abril de 2013, as perdas causadas pelo bloqueio na saúde pública cubana foram da ordem de US$ 39 milhões, apenas como resultado da compra de medicamentos, instrumentos e outros insumos no exterior. A prática também trava o treinamento de médicos e outros profissionais da área da saúde do país caribenho.
Até mesmo portadores do vírus HIV estão impossibilitados de combinações de antirretrovirais, que incluem o Tenofovir da firma Gilead. Tampouco podem contar com os medicamentos antivirais kaletra, nelfinavir, ritonavir e Lopi/Rito infantil 80/20 mg. Por isso, muitos consideram a medida como “um ato de genocídio”.
Excelência na área da saúde
As perdas no setor da saúde, no entanto, não impediram que o país se transformasse em uma referência mundial na área. No ano de 2012, foram formados 11 mil médicos; a formação, que é reconhecida pela sua alta qualidade, foca na medicina humanizada e no acompanhamento constante dos pacientes.
O embargo também não afetou a solidariedade cubana. Dos 11 mil médicos formados em 2012, 5.315 eram cubanos e 5.694 eram de 59 países, abrangendo nações da América Latina, África, Ásia e dos EUA.
A partir de uma parceria firmada com o ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez, Cuba passou a fornecer médicos e outros profissionais de saúde para programas sociais na Venezuela, em troca de petróleo. A parceria de sucesso se estendeu a outros países que compõe a Alba — Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América.