Na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20), pesquisa baseada em dados coletados em 2011, realizada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revela que trabalhadores negros são maioria em setores como construção civil e serviços domésticos, setores que exigem menor qualificação profissional e oferecem baixa remuneração.
O estudo analisou setores econômicos de serviços, industriais, comerciais, construção civil e serviços domésticos. O relatório expõe que 8,4% dos trabalhadores negros trabalham no ramo da construção civil, mas que a porcentagem de brancos na mesma área é de 4,9%. Serviços domésticos empregam 5,4% de não negros, mas chagam a abranger 10,1% dos negros. No setor de serviços, os não negros representam 54,6% do setor, enquanto os negros representam 48,8%. E na indústria, 17,2% dos empregados são negros e 18,4, não negros. No comércio, as vagas estão com 16,2% dos não negros e 15% de negros.
Ainda, segundo os dados divulgados, o rendimento médio, por hora, dos trabalhadores negros é de R$ 6,28, e representa apenas 61% do rendimento total dos não negros, que possui o valor de R$ 10,30. Tais informações foram obtidas a partir da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) e aponta para diferenças significativas entre negros e brancos em relação a condições de trabalho.
O deputado federal Luiz Noé (PSB-RS), que é membro da Comissão de Educação e Cultura e que tem travado inúmeras lutas em prol da educação no País, lembra que houve aumento no ingresso de estudantes negros no ensino superior.
Segundo dados baseados no Censo da Educação Superior do Instituto Brasileiro de Educação e Gestão (IBGE), divulgados em outubro deste ano, o número de estudantes negros no ensino superior no Brasil aumentou. De 1997 para cá, os negros passaram de 4% para 19,8% de alunos formados ou matriculados em algum curso superior. No Rio Grande do Sul, o aumento chega a 22,1%.
"Negros e pardos compõe atualmente mais de 50% da população brasileira, e mesmo com esse aumento, o índice é baixo. Isso deixa em evidência que existem ainda dificuldades de acesso e de continuidade desta população nas instituições em ensino", destaca coloca o deputado.
O aumento dos estudantes negros, segundo o IBGE, também se é devido às políticas de indução de crescimento educacional. É o caso do Programa Universidade para Todos (ProUni), do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), do Financiamento Estudantil (Fies), além de outros programas de cotas raciais existentes em algumas instituições.
"Apesar de o tema ser polêmico, onde muitos colocam que a existência das cotas é uma forma de preconceito, temos de observar a existência de uma dívida histórica, e o acesso à educação não representa apenas mais profissionais qualificados, é questão de qualidade de vida, de direitos e de cidadania", afirma Noé.